CRÉDITO: ESO / Pionier / IPAG
Estas imagens bem definidas, de um inusitado casal de estrelas, sendo uma a estrela “vampiro”, localizadas no sistema estelar SS Leporis, foram criadas a partir de observações feitas com o interferômetro – VLT (Very Large Telescope) do Observatório Europeu Paranal ao sul do Chile. O sistema consiste de uma estrela gigante vermelha que orbita uma companheira mais quente.
Uma rápida explicação de Interferometria
A Interferometria é a ciência e técnica da sobreposição de duas ou mais ondas (de entrada), o que cria como resultado uma nova e diferente onda que pode ser usada para explorar as diferenças entre as ondas de entrada. Uma vez que a interferência é um fenômeno geral entre ondas, a interferometria é aplicável a um largo espectro de campos, incluindo astronomia, fibras ópticas, metrologia óptica, oceanografia, sismologia e mecânica quântica.
Como técnica óptica utilizada em astronomia, consiste em combinar a luz proveniente de diferentes receptores, telescópios ou antenas de rádio para obter uma imagem de maior resolução. Esta técnica utiliza-se especialmente em radioastronomia, sendo mais difícil a sua implementação em comprimentos de onda menores. A principal razão é a maior precisão mecânica exigida ao utilizar comprimentos de onda mais curtos. Hoje em dia há projetos ambiciosos de interferômetros ópticos de grande escala combinando os raios de luz de grandes telescópios terrestres, como o interferômetro Keck no Hawaii e o Very Large Telescope Interferometer VLTI no Chile.
Em todos os casos o principio físico utilizado é o de que duas ondas de luz que coincidem em fase se amplificam enquanto que duas ondas em oposição de fase se cancelam.
Um dos primeiros usos da interferometria foi a famosa experiência de Michelson-Morley (1887), que demonstrou a inexistência do éter luminífero, proporcionando as primeiras provas experimentais em que mais tarde assentaria a relatividade especial. Hoje em dia interferómetros similares ao de Michelson constroem-se em grandes instalações e escala (LIGO ou VIRGO) no intuito de detectar ondas gravitacionais, consequência da teoria da relatividade geral.
A observação do Vampiro Espacial
Estas são as melhores imagens já obtidas de uma estrela vampiro sugando material de sua companheira estelar e foram capturadas através da combinação dos poderosos e multiplos telescópios de um observatório europeu no Chile. A luz dos quatro telescópios do Observatório Europeu Paranal ao sul do Chile, se juntaram para criar as novas imagens do sistema de duas estrelas. A partir dessas observações, os astrônomos descobriram que a transferência de ativos da massa de uma estrela para o outra neste sistema é mais suave do que o esperado.
Localizado entre os gigantescos telescópios VLT em cerro Paranal,
no Chile, o VST (estrutura entre os dois domos circulares)
tem uma poderosa câmera de 268 megapixels.
Imagem: M.Brescia / Wikimedia Commons
Através da luz, a partir do aproveitamento de diferentes telescópios que compõem o Very Large Telescope (VLT), os astrônomos foram capazes de digitalizar uma porção do céu de 130 metros de diâmetro com uma visão 50 vezes mais nítida do que o venerável Telescópio Espacial Hubble, de acordo com funcionários do Observatório.
“Nós podemos agora combinar a luz de quatro telescópios VLT e criar imagens super definidas, muito mais rapidamente do que antes”, o principal autor do estudo, Nicolas Blind, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble, na França, disse em um comunicado. “As imagens são tão nítidas que não podemos apenas olhar as estrelas que orbitam em torno de si, mas também medir o tamanho da maior das duas estrelas”.
CRÉDITO: ESO / Digitized Sky Survey 2.
Reconhecimento: Davide De Martin
Esta imagem de campo largo do céu ao redor da dupla inusitada de estrelas do sistema SS Leporis é uma composição colorida feita a partir de exposições do Digitized Sky Survey 2. A SS Leporis é a estrela brilhante no centro da imagem. Os anéis coloridos e os quatro pontos ao redor da estrela são artefatos do processo fotográfico e da ótica do telescópio usado, e não real.
Segundo os astrônomos, as duas estrelas do sistema “SS Leporis”, uma circula a outra a cada 260 dias e estão separadas por pouco mais do que a distância entre a Terra e o Sol. A estrela maior é mais fria do par e estende-se cerca de um quarto desta distância, o que é aproximadamente equivalente à órbita de Mercúrio. As novas imagens são tão nítidas que permitiram aos astrônomos medir a estrela gigante vermelha com mais precisão do que nunca. De acordo com os pesquisadores, uma vez que as estrelas estão tão próximas, uma da outra, a mais quente, já canibalizou cerca da metade da massa da gigante vermelha. “Sabíamos que esta estrela dupla era incomum, e que o material estava fluindo de uma estrela para o outra”, disse o co-autor do projeto, Henri Boffin, do Observatório Europeu. “O que descobrimos, porém, é que a maneira pela qual a transferência de massa provavelmente aconteceu é completamente diferente dos modelos anteriores do processo. A mordida da estrela vampiro é gentil, mas altamente eficaz.”
As novas observações mostram que a estrela gigante vermelha é realmente menor do que se pensava, o que torna mais difícil de explicar como esta estrela perdeu matéria para sua companheira. Para reajustar a sua teoria, os pesquisadores agora pensam que o conteúdo deve ser expulso da estrela gigante como o vento estelar que é capturado pela companheira mais quente, ao invés de simplesmente fluir de uma estrela para o outra.
“Estas observações têm demonstrado a capacidade de imagem do novo sistema do “Very Large Telescope Interferometer”, disse o co-autor do estudo Jean Philippe Berger. “Elas pavimentam o caminho para muitos outros estudos fascinantes de interação de estrelas duplas”.
Tradução e adaptação de texto: Gério Ganimedes
Direitos Reservados de Tradução – Projeto Quartzo Azul©©
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