domingo, 8 de janeiro de 2012

Eles Estão Entre Nós?

 Ilustração - Gério Ganimedes


Relatos de Testemunhas


Por Gério Ganimedes


Estranhos fatos cruzam diariamente nossas vidas, passando despercebidos, entretanto se dedicarmos um pouco mais de atenção percebe-se que na verdade estamos cercados de coisas além de nossa imaginação.


A ESTRANHA VIZINHA DO APARTAMENTO 302


Relato da Testemunha M.A.



Estava sentado em meu escritório, desenvolvendo um sistema especialista em meu PC. Costumo dormir tarde e naquele dia não poderia ser diferente. Por várias vezes, escutei ruídos estranhos que me tiraram à atenção. Os ruídos pareciam vir do andar de cima, e sabe como é morar em apartamentos modernos. As paredes e o piso são tão finos que qualquer ruído por menor que seja acabamos compartilhando com nossos vizinhos. No princípio pensei que fossem crianças brincando com bolinhas de vidro no chão, porque é o que aquele som parecia, mas depois de algumas horas escutando aquelas vibrações, me dei conta de que já passavam das duas horas da manhã e era um pouco tarde para crianças estarem brincando. Após isto, iniciou-se uma nova série de ruídos, móveis sendo arrastados, novamente bolinhas, ou seja, lá o que era aquilo. Realmente fiquei tão intrigado e irritado que desliguei o computador e fiquei atento apenas aos sons que eram emitidos. O que estaria fazendo uma pessoa, à uma hora daquelas, movimentando móveis e derrubando coisas no chão. Tentava, a cada minuto que passava achar uma explicação para o que estava acontecendo. Acreditava que isto serviria de consolo para atenuar minha completa irritação. Cansado, fui para cama, acertei o despertador, deitei e não consegui dormir. Os sons continuaram. Pensava comigo: Será que esta pessoa não dorme? Ou planejou mudar-se de noite para ninguém ver o que tem dentro de casa? Ou será mesmo provocação?

Tomei a decisão de, na manhã seguinte, conversar com o morador.

 
Acordei por volta de onze horas da manhã.  O primeiro pensamento do dia foi em fazer uma visita ao “misterioso barulhento” do apartamento acima do meu.

Lá estava eu tocando a campainha do dito apartamento. Toquei, bati na porta e nada. Parecia não ter ninguém em casa, mas algo me dizia para insistir, então ouvi um ruído na porta e aquele brilho característico do olho-mágico escureceu.

Estavam observando-me por trás da porta. Demorou alguns minutos e a porta se abriu. Havia uma grade de ferro para proteção do apartamento. Uma jovem de aproximadamente trinta anos e com um sorriso nos lábios, que me chamou atenção no momento em que vi, me cumprimentou com um cordial bom dia. Retribuí o bom dia de forma amigável, antes de iniciar a reclamação. A moça era de estatura baixa, extremamente magra, cabelos finos e escorridos, de olhos negros, oblíquos e afastados. Aguardei o momento certo e disse que estava ali, porque na noite anterior não havia conseguido dormir com o barulho que estavam fazendo e que gostaria de saber o que tinha ocorrido naquelas horas da noite. A mulher, olhando para mim com o mesmo olhar disse:

- Que vergonha, desculpa-me, que vergonha, realmente estava com problemas. Isto não irá se repetir, você quer entrar para conversar?

Eu estava um tanto atrapalhado e sem jeito, então acabei não aceitando o convite. Agradeci sua consideração. Ela olhou para mim de uma maneira absolutamente diferente, um olhar que assustava. Despediu-se e fechou a porta.

Os acontecimentos daquela noite se repetiram durante todo o mês e eu várias vezes voltei para reclamar, todas sem nenhum resultado. Sempre que eu estava em casa, a movimentação durava o dia e a noite. A moça parecia não dormir, um ruído de água se intercalava com os outros.

Certo dia, numa manhã de domingo, após mais uma reclamação, aceitei o convite que sempre recebia. Entrei carregando comigo muitas dúvidas, depois de falar mais uma vez e ouvir a mesma série de desculpas por parte da moradora, pude notar que o piso do apartamento estava úmido, parecia ter sido lavado recentemente. Ela me perguntou se eu morava há muito tempo no prédio e respondi que sim. Observava tudo, cautelosamente. Havia pequenas pedras no canto da sala, pareciam cristais de rocha. Não vi móvel algum na sala havia somente um sofá branco, limpo como gaze cirúrgica, o que me deixou intrigado, pois de onde vinha o som de móveis sendo arrastados? Ela me observava e desculpava-se repetitivamente. Olhei para ela naquela posição, sentada sobre as pernas no chão úmido da sala, observei que esfregava os dedos das mãos, como se estivesse nervosa e que mantinha seu sorriso enigmático no rosto. Formulei cuidadosamente uma pergunta para ver se ela explicava o porquê dos ruídos noturnos. Queria saber qual razão dos ruídos e se eu poderia ajudá-la em alguma coisa. Ela continuou na mesma posição, observando-me. Suas mãos suavam. Comecei a ficar nervoso com aquela situação. Ela disfarçou e com a voz trêmula disse-me que estava com problemas de adaptação. Não compreendi, mas não quis tornar-me indelicado, pois apesar de atrapalhar meu sono, ela estava sendo simpática comigo. Perguntei como se chamava, e até hoje não consigo lembrar. Despedi-me e pedi desculpas pelo incômodo. Ela estendeu a mão para cumprimentar-me e perguntou meu nome. Seu olhar continuava exatamente igual ao que vi na primeira vez. Ao tocar a sua mão, senti que sua pele era úmida e lisa. Desci as escadas do prédio e voltei ao meu apartamento.

Logo que entrei, o telefone tocou. Era minha namorada. Jamais havia contado para ela sobre os fatos estranhos que aconteciam durante a noite. Respondi que havia saído para resolver problemas com o morador do apartamento acima do meu. Convidei-a para ir até minha casa e despedi-me dela. Logo que ela chegou, decidi que contaria o que estava acontecendo. Comecei do princípio. A cada palavra que dizia, observava atentamente suas reações porque passava pela minha mente, que ela pudesse pensar que eu estava apenas imaginando coisas. Depois que contei tudo a ela, aguardei seus comentários. Ela demorou a falar e após algum tempo, disse que todas as observações e detalhes sobre as atitudes estranhas de algumas pessoas traziam a ela a lembrança de que também vivera uma experiência semelhante, mas que jamais comentou com alguém, pois receava que fossem rir dela, ou que até mesmo a chamassem de louca. Iniciamos uma longa conversa e relacionamos vários casos semelhantes ao que havia ocorrido. Resolvemos sair para comer algo. Quando estávamos fechando a porta, olhei para a escadaria e vi que a moradora do apartamento 302 descia as escadas rápida e levemente, sem produzir ruído algum. Discretamente chamei atenção de minha namorada para que ela visse a moça de quem eu havia falado. Rapidamente voltou-se para mim e me disse que não havia visto ninguém. Naquele momento fiquei realmente assustado. O que estaria acontecendo comigo? Vários dias se passaram, até que em um fim de semana em que minha namorada foi à minha casa, finalmente avistamos a estranha moradora saindo do prédio. Tudo o que eu mais queria, era que minha namorada dissesse que tinha visto a misteriosa mulher. O comentário que ouvi foi à definição clara, do que estava acontecendo. Ela ficou olhando atentamente para a moça e disse em poucas palavras o que eu queria ouvir:

- Que mulher estranha! Não parece humana. Senti até arrepios quando ela passou por mim. Suas características lembram-me de um rapaz que conheci.
Foi então que ela contou sua história.

Segundo ela, certo dia, um caminhão de mudanças enorme encostou-se a frente ao prédio onde morava e foram retirando uma carga muito grande de caixas. O mais interessante, disse ela, é que não viram móveis, apenas caixas de metal, destas de transporte de instrumentos e câmeras de vídeo.

A noticia de que havia chegado um novo morador no prédio logo se espalhou por todos os andares e como sempre, todos ficaram curiosos. Os comentários eram de que o novo morador era um homem de aproximadamente trinta anos, magro, cor branca, cabelos castanhos e que desde que o rapaz havia chegado, não tinha conversado com nenhum morador do condomínio. Silencioso e calado.

Passaram-se alguns dias após a chegada do novo morador e os comentários sobre ele chegaram até minha namorada, de forma muito curiosa. Todos diziam que o jovem era muito estranho, pois estava sempre muito pálido e suando, e movimentava as mãos de forma estranha. A primeira vez em que minha namorada cruzou com ele no elevador pode comprovar os comentários dos outros moradores. Ele desceu no sexto andar e durante todo o trajeto desde o térreo não falou nada, apenas movimentava as mãos e transpirava muito. O homem pouco era visto, e quando cruzava por moradores, sempre estava sozinho, pálido, suando muito, e movimentando os longos dedos.

Um dia, quando chegava ao prédio, avistou o estranho rapaz, e ao se aproximar dele, percebeu que realmente estava vivendo uma estranha experiência, pois o homem passou por ela como se ela não existisse ou estivesse invisível. No mesmo dia, ao voltar para casa, quando entrava no elevador, o rapaz apareceu subitamente na porta e perguntou a ela, se estava subindo. O fato a surpreendeu, pois falara com ela pela primeira vez. Perguntou, ainda, se ela morava no prédio. Isto a deixou mais intrigada, porque cruzara com ele várias vezes e por educação cumprimentava-o, porém parecia ser a primeira vez que ele a percebera.

Os vizinhos do apartamento do rapaz iniciaram uma série de reclamações ao síndico do edifício, pois sons estranhos atravessavam a madrugada e tinham origem no apartamento do misterioso morador. Ruídos semelhantes aos da moradora do apartamento 302 do meu prédio. Certo dia, o misterioso homem, simplesmente desapareceu e ninguém mais o viu. O apartamento estava desocupado e ninguém soube mais nada do homem. Curiosamente um vazamento muito grande apareceu no teto do apartamento abaixo daquele morador. Ao verificarem o piso do apartamento, encontraram muita umidade. Como se o apartamento tivesse sido lavado por vários dias seguidos. 


Ao longo de minha caminhada nesta área de pesquisas, recebi dezenas de relatos estranhos como esse. Pessoas com características, aspectos e hábitos diferentes. Ao cruzar as informações, percebi que a anatomia e atitudes parecem resultar numa similaridade incrível e ao mesmo tempo anômala. Muitos com quem mantenho contato acreditam que podemos estar sendo observados de perto por entidades biológicas extraterrestres, adaptadas para analisar, estudar e coletar informações importantes sobre nossa sociedade, mas por enquanto o que temos de sólido são apenas histórias curiosas.

Estaríamos dividindo espaço com alguma espécie infiltrada em nossa sociedade? Poderia uma espécie extraterrestre estar vivendo em nosso cotidiano?      

Aguardemos agora, mais relatos, para quem sabe, tentarmos cruzar mais informações de casos com características semelhantes.


Edição de texto: Gério Ganimedes
Direitos Reservados – Projeto Quartzo Azul©©

6 comentários:

  1. Engraçado que tanto no relato do rapaz sobre a estranha vizinha quanto o da mulher do bar sobre o senhor aparece a expressão " adaptação". Ambos falaram que não estavam adaptando-se. E existem ainda semelhanças no que diz respeito a água e umidade. O homem do bar bebia muita água e a moradora do 302 estava fria e úmida. Quem saber alguma espécie que vive na água. Gério me lembrei dos seres de Garimedes. Eles não vivem dentro dos oceanos?

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  2. Resta saber se a pessoa portava algum instrumento estranho como uma pulseira ou colar para permanecer com uma fisionomia terrestre.
    No caso da vizinha ela só abriu a porta muito tempo depois e fez questao que o humano entrasse no apartamento para ver que nao teria nada estranho

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  3. Os híbridos estam chegando...

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  4. Esse relato me fez lembrar de uma situação que passei ha alguns anos. Depois de terminar um longo relacionamento passei por dias difíceis... trabalhava todo o dia e quando chegava a noite eu não conseguia dormir por causa dos meus pensamentos em relação ao termino do relacionamento. Para não ficar desperdiçando tempo rolando na cama eu usava a noite para por a casa em dia. Lavava roupa, banheiro , cozinha, passava roupa e muitas vezes troquei a mobilia de lugar na madrugada. Foram noites muito produtivas que me ajudaram a superar aquela situação. Posso garantir que não sou extraterrestre.
    Luisa

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  5. Essa sua comparação émuito simplista Luísa. Existem outras evidências sem explicação nas estórias , além do barulho a noite. E o que dizer do senhor do bar?

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  6. Li essa estória até o fim por causa do barulho de bolinhas e moimentação da mobilia (um arrasta daqui empurra pra lá). O meu vizinho de cima tinha essa mania também. A diferença é que era um casal, não tinham fisionomia estranha pelo menos a primeira vista assim tão claro como relatado. O cara era antipático e marrento e a menina era de pele bem clara cabelos louros cacheados e falava pouco. Parecia tímida. Era arquiteta e o cara tinha uma oficina. Portanto não eram mais estranhos que o normal. Mas as bolinhas e o arrasta aarrasta durante a noite nunca saberei do que se tratata pois já se mudaram

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